Nesta semana, após
muitas reclamações dos membros do grupo Pratique Poliamor Brasil sobre o
(ex) membro, Wellington Lima Amorim, ele foi, após alertas particulares
da coordenação sobre seu comportamento, devidamente excluído do grupo.
Após
essa exclusão, ele fez uma verdadeira campanha através de mensagens no
facebook, de desmoralização do grupo e de seus membros para várias das
pessoas que ele havia adicionado (sem conhecer) do grupo (a mais sabe-se
lá quem).
Esta mensagem, além de criticar o grupo, cita
especificamente meu nome como exemplos de "militâncias de esquerda" que
ele repudia e veio dizer que "são familiares meus, mas também são
pessoas que podem muito bem diagnosticar militâncias de extrema
esquerda, radicalismos e discriminação”. Ainda, falando de mim, citou
uma pretensa frase minha: “Eu não tenho problemas em matar várias
pessoas, eu sou um revolucionário, um marxista orodoxo" como
justificativa de sua preocupação, e, ainda “Ele por acaso é das Farcs?”.
Ao final, deixarei um link para uma nota com a reprodução literal de
sua mensagem.
Esclarecendo, não sou um dos que veio
reclamar da conduta dele, apesar de não ter gostado do pouco que vi.
Nossas divêrgencias eram basicamente ideológicas e, nesse sentido, não
haveria motivo para querer recriminá-lo ou excluí-lo (mesmo sendo
administrador do grupo). Logo, obviamente ele me cita não por uma
desavença pessoal, mas por um critério de acusação política, de
perseguição política.
Primeiramente, esclareço que sou sim
um Marxista Revolucionário e, excetuando em alguns trabalhos, nunca
escondi isso de ninguém – está bem claro e explícito para quem quiser
ver no meu perfil no facebook ou em qualquer conversa, mesmo que eu não
conheça a pessoa. É a minha opinião política e não tenho vergonha dela.
Sou sim radical e sim, defendo o uso da violência.
Mas,
como bom marxista que sou, tudo que defendo é instrumental, é voltado
para e limitado por algum objetivo. Para mim, a vjolência não é um
valor, é um instrumento de auto-defesa de classe. Já hoje temos muitos
casos de repressão policial a atividades pacíficas (USP, UFF, Bombeiros
do Rio, Professores de vários estados, etc) e mesmo ataque de
mercenários e membros de grupos politicos aos movimentos sociais
(Dorothy Stang, Gildo Rocha, Marcelo Freixo, etc). Creio que a
auto-defesa por meio da violência é a maneira concreta com a qual
podemos nos defendermos de um sistema que não tolera divergência e
contestação. Igualmente, numa situação revolucionária, a burguesia se
utiliza de todos os métodos disponíveis a seu alcance para nos impedir,
inclusive matar, estuprar e torturar – me parece claro que o mínimo que
os trabalhadores podem fazer para se defender é se armar, nesses casos.
Eis o uso da violência defendo.
Não sou a favor de matar
alguém por sua posição política nem por motivos triviais. Sou parte da
linha política de tradição Trotskista, de Trotsky e Lênin, que defendiam
o direito de livre-expressão da direita e da burguesia dentro do
próprio socialismo: a classe trabalhadora é quem deve escolher o que
quer ler e concordar ou não. Somos ferrenhos defensores da democracia
operária, com assembléias, congressos e várias formas de democracia
direta como instrumento para concretizá-la. Nos congressos da ANEL, por
exemplo, qualquer estudante pode escrever uma tese ou contribuição para o
congresso; em mobilizações pelo passe-livre no Rio, defendemos da
polícia um militante de uma organização que nos odeia e difama, mesmo
tendo desacordo com sua política; fui contra o fechamento da RCTV na
Venezuela e não sou chavista; sou a favor dos direitos politicos em
Cuba, etc. Nós Trotskistas, fomos perseguidos, presos e mortos por mais
de 100 anos, por, dentre outras coisas, defender isso – muitas vezes
inclusive por aqueles cujo direito de expressão e organização
defendemos.
Não sou integrante das Farc, ao contrario do
que insinua Wellington, que nem considero verdadeiramente revolucionária
nem socialista, nem sou guerrilheirista, nem Stalinista. Fui membro do
PSTU por 3 anos, que é uma seção nacional da organização internacional
chamada Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional; que
defendem que a revolução será feita através da mobilização e
auto-organização democráticas dos trabalhadores e oprimidos. Até hoje, 4
anos depois, os apoio e só saí por problemas pessoais. Eis as minhas
conexões políticas.
Além de me atacar, ele também atacou o
conjunto da comunidade e, por isso, é importante ressaltar que o que
ele aponta como radicalismos e fascismo é meramente opinar coisas como
“machismo é ruim”, pelo critério de qualquer julgamento de valor e sua
conseqüente tentativa de exposição em contraposição a outra opinião é,
necessariamente, opressora e fascista.
Na concepção dele,
qualquer concepção que se diga correta é necessariamente autoritária,
por que parte da idéia de que a realidade não existe. O problema é que
isso torna toda e qualquer concepção autoritária por natureza, inclusive
a dele (o que pôde ser demonstrado pelas atitudes que o levaram a ser
excluído) - mas ele e os pós-modernos, que compactuam com essa posição,
geralmente não estendem essas análises a si mesmos.
O que
se percebe na comunidade é, ao contrario, um amplo clima de respeito e
aceitação, braços abertos para os novos e liberdade de expressar
qualquer opinião sobre os temas. E Creio que a coordenação queira que
isso se mantenha.
Para além disso, vem o que é mais grave:
a ameaça. Essa ameaça pode ser entendida claramente quanto à minha
pessoa, mas por falar de “radicalismos” e “extrema esquerda”, se estende
a vários outros membros do grupo.
Isso é algo muito grave
e deve ser levado a sério. Não foi apenas uma forma de nos pressionar
ou amedrontar, já que foi enviada por mensagem privada para várias
pessoas do grupo, inclusive eu. Isso é claramente uma expressão de
perseguição política, aproveitando-se dos cargos ocupados por seus
parentes (sociologicamente, “Você sabe com quem está falando?”) para
intimidar e potencialmente perseguir pessoas exclusivamente pela sua
posição política. Isso é um caso grave de ameaça e intimidação, bem como
de potencial repressão política. É preciso que isso se torne público em
prol de defender a mim e a outros membros do grupo que podem se tornar
alvos de ataques ou formas de intimidação. Chamo todos a se solidarizar
conosco frente a essa situação.
Ele também diz, ao final,
que militantes não são poliamoristas e estão ali com outros objetivos” e
alerta para que se tenha “cuidado”. Além de ser uma forma de estimular a
desagregação do grupo, bem como a desconfiança em nosso interior, tudo
baseado meramente em posições políticas, esta afirmação encontra-se
absolutamente equivocada.
Sou Poliamorista há cerca de 8
anos, já tive mais de 30 relacionamentos sob esse modelo e já fui e
pretendo voltar a ser um militante de várias coisas, inclusive do
Poliamor. Não há qualquer contradição entre ser militante de qualquer
causa e ser poliamorista, assim como nao há qualquer contradição entre
ser membro de um partido e ser ativista de qualquer luta estudantil,
popular, sindical, etc.
Ter um projeto político mais amplo
faz parte de se posicionar sobre a sociedade, que é algo que creio
todos nós deveríamos fazer; organizar-se com outros em função delas é
parte legítima da liberdade de organização e de expressão. Quem proibia
isso e tentava estimular a desconfiança sob esse critério foram os
militares da ditadura e os diversos grupos de extrema direita, pois são
contra a liberdade de expressão e de organização.
Qualquer
militante pode ser poliamorista e muitos inclusive serão e são
poliamoristas pelas conseqüências de suas conclusões políticas feitas
durante a militância (como foi o meu caso) e essa é uma forma tão
legítima quanto as outras de tornar-se poli ou interessar-se pela
proposta .
Ninguém ali é um monogâmico assumido que entrou
lá apenas para incidir politicamente, pois isso sim seria desrespeito
às regras da comunidade; somos todos polis ou pessoas que têm interesse
de conhecer e saber se tornar-se-ão ou não, ou mesmo para aprender a
como se tornar polis. Todos têm o direito legítimo de participar,
independente de suas posições políticas. Muito fascista de nossa parte,
aliás.
Gostaria aqui de louvar também a atitude da
Coordenação da Pratique Poliamor Brasil, que conduziu muito bem todo o
processo, fazendo todo o possível para preservar o grupo sem perder de
vista a busca por evidências e provas, bem como as liberdades dos seus
membros.
Aproveitando para esclarecer o caráter do
grupo, ele é parte dos meios de comunicação da Rede Pratique Poliamor
Brasil. A PPB tem como intenção agregar poliamoristas e pessoas que
simpatizam com o Poliamor sob os valores de apoio, conhecimento e
militância. Poliamor é o estilo de vida em que se permite manter mais de
uma relação amorosa, profunda e estável com mais de uma pessoa ao mesmo
tempo, com o consentimento de todos os envolvidos.
Mensagem de Wellington: https://www.facebook.com/note.php?note_id=335093939838452